The Gorge se apresenta como uma mistura ousada de ficção científica, mistério e romance, mas acaba falhando em entregar uma experiência memorável, mesmo com uma premissa intrigante e uma dupla de protagonistas carismáticos. Dirigido por Scott Derrickson, conhecido por seu trabalho em filmes de terror como O Telefone Preto, a produção oferece um cenário denso e cheio de promessas, mas carece de uma execução coesa e de ritmo.
A história segue Levi (Miles Teller) e Drasa (Anya Taylor-Joy), dois atiradores de elite encarregados de vigiar um misterioso desfiladeiro em um local isolado e aparentemente inóspito. À medida que a trama avança, a relação deles começa a se desenvolver, transformando o suspense inicial em um romance à distância que, embora tenha bons momentos de química, carece de profundidade para que realmente acreditamos no vínculo entre eles. A ideia de explorar o isolamento e a tensão emocional de uma missão tão singular tem potencial, mas a execução parece apressada e por vezes desinteressante.
Visualmente, o filme é competente, com uma atmosfera opressiva que remete a universos como Silent Hill e The Last of Us, misturando horror e ficção científica. O desfiladeiro e seus mistérios, no entanto, nunca parecem totalmente explorados. A direção de Derrickson tenta evocar um sentimento de mistério crescente, mas as sequências de ação são frequentemente incoerentes, e a construção do suspense é prejudicada pela falta de uma narrativa sólida.
O principal problema de The Gorge está no ritmo irregular e na falta de uma verdadeira ameaça convincente. Os protagonistas, embora bem interpretados, não demonstram as habilidades que seus personagens possuem, o que acaba minando a tensão que a história deveria gerar. Além disso, a tentativa de justificar o mistério central e suas reviravoltas no terceiro ato resulta em um fechamento genérico e previsível. O horror e a ação, que poderiam ter sido os principais atrativos, são substituídos por um drama romântico que não consegue ser suficientemente envolvente.
Apesar de algumas qualidades no design de produção e na química entre os protagonistas, The Gorge acaba por ser uma experiência frustrante. O filme tem ideias interessantes, mas falha em desenvolvê-las de forma impactante, com um roteiro que se perde em explicações desnecessárias e uma falta de consistência na tensão.
The Gorge : Oferece uma premissa intrigante, mas não consegue entregar uma experiência coesa. A mistura de mistério, romance e ação é prejudicada por um ritmo irregular e uma falta de desenvolvimento no suspense e nos personagens. Apesar das boas atuações de Miles Teller e Anya Taylor-Joy, o filme se perde em tentativas de explicações e soluções genéricas. No fim, é um passatempo razoável, mas sem grande impacto. – Rafaela Carvalho