Twisters (2024) chega como uma continuação do aclamado clássico Twister (1996), mas busca uma releitura que incorpora as novas preocupações tecnológicas e sociais do mundo atual. Dirigido por Lee Isaac Chung, o longa se apropria da mitologia de tornados e dos feitos heroicos dos cientistas para criar uma narrativa que mistura ação de blockbuster com uma reflexão mais crítica sobre o capitalismo e o entretenimento no século XXI.
A história, que segue a jornada de cientistas e caçadores de tornados, é bastante simplista e previsível, mas o grande atrativo do filme está em como ele mantém o público à beira da cadeira através de cenas viscerais e bem executadas de catástrofes naturais. Os efeitos visuais são impressionantes, e as sequências de tornados são filmadas com grande dinamismo, criando uma sensação de urgência e perigo constante. Contudo, a interação dos tornados com o ambiente poderia ter sido mais explorada, com um uso mais criativo de objetos, animais e até personagens sendo impactados pela força da tempestade.
A caracterização dos personagens também tem seus altos e baixos. O papel de Tyler Owens, interpretado por Glen Powell, é um tanto caricatural e, em alguns momentos, até um pouco exasperante, representando uma figura de celebridade que se mete em situações perigosas apenas para manter seu status nas redes sociais. No entanto, há uma reviravolta interessante no seu papel, que adiciona uma camada crítica à narrativa e ao caráter de “herói” da trama. Daisy Edgar-Jones, por outro lado, brilha como a protagonista que une ciência e bravura, sendo o coração do filme, enquanto Anthony Ramos adiciona uma boa química ao elenco, equilibrando os momentos tensos com um toque de leveza.
A crítica subjacente a questões como a exploração midiática e a insustentabilidade ambiental é um ponto forte de Twisters. O filme não se contenta apenas com ser um espetáculo visual; ele questiona, de forma sutil, os valores da sociedade moderna, especialmente no que diz respeito ao consumo de conteúdo e à busca pelo sensacionalismo.
No entanto, a trama acaba se sentindo um tanto “enlatada” em alguns momentos, com os diálogos excessivamente técnicos que podem afastar espectadores menos familiarizados com termos científicos, e o vilão, interpretado por David Corenswet, carece de profundidade. A falta de personagens do filme original também deixa uma sensação de desconexão para os fãs mais fervorosos do clássico de 1996.
Twisters (2024): é um filme visualmente impressionante, que entrega boas sequências de ação e uma abordagem interessante das questões contemporâneas, como o papel das redes sociais e a busca incessante por status. No entanto, a trama é simples e previsível, e algumas escolhas no desenvolvimento dos personagens deixam a desejar. A produção é sólida, com efeitos especiais de tirar o fôlego, mas o filme não consegue superar o impacto do original. Ainda assim, é uma experiência divertida e envolvente para quem busca uma boa dose de ação e entretenimento. – Rafaela Carvalho